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Em prova equilibrada, Unicamp aborda Mariana e temas cotidianos

Derramamento de lama em MG em 2015 foi tema de questão de Biologia na 2ª fase da Unicamp - Fabio Braga/Folhapress
Derramamento de lama em MG em 2015 foi tema de questão de Biologia na 2ª fase da Unicamp Imagem: Fabio Braga/Folhapress

Do UOL*, em São Paulo

17/01/2017 21h17Atualizada em 18/01/2017 16h48

A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) encerrou na tarde de terça-feira (17) as provas da segunda fase do vestibular 2017. Segundo professores de cursinho, os candidatos encontraram uma prova equilibrada nos três dias, com nível médio de dificuldade.

"A prova desse ano manteve o nível de prova tradicional, mas surpreendeu em alguns pontos. Ela abordou física moderna, não cobrou química orgânica e acabou trazendo a química ambiental", afirmou Saray Azenha, diretora pedagógica da Oficina do Estudante.

No domingo (15), os candidatos resolveram as questões de português e fizeram a redação. Na segunda, o exame continuou com as provas de geografia, história e matemática. Já na terça, último dia da maratona de provas, os alunos entregaram as respostas de biologia, química e física.

As provas foram aplicadas em 18 cidades para 15.390 candidatos. Eles concorrem a uma das 3.320 vagas em 70 cursos de graduação que são oferecidos pela Unicamp.

Em parceria com o Curso e Colégio Objetivo, o UOL realizou uma correção comentada de todos os dias de prova.

História foi o principal desafio

A coordenadora do Curso Objetivo, Vera Lúcia da Costa Antunes, destacou que a prova de história surpreendeu pelo nível de cobrança e complexidade. "[Foram] questões muito exigentes, que demandaram um conhecimento aprofundado e interdisciplinar com a filosofia, literatura e geografia. Fugiu do padrão clássico e cobrou do aluno não só conteúdo, mas a capacidade de interpretar e relacionar", disse.

Paulo Moraes, diretor de ensino do Anglo, também considerou História como a mais complexa deste dia. Ele destacou a abordagem inusitada de uma das questões que pedia para o aluno analisar a obra "a primeira missa no Brasil", de 1860, e relacioná-la com a visão dos integrantes da Semana de Arte Moderna. "A prova trouxe uma abordagem diferente e complexa que deu trabalho para os candidatos", disse.

Já as provas de geografia e matemática foram consideradas mais tradicionais. "Geografia trouxe questões bem acessíveis para os alunos, com temas clássicos como cartografia, fonte de energia e urbanização. Foi uma prova de complexidade entre média e baixa", disse Marcelo Dias, coordenador geral do curso Etapa.

Antunes Rafael, coordenador pedagógico da Oficina do Estudante, disse que a prova de Matemática teve um enfoque "conteudista", com pouca contextualização. "O aluno precisava dominar conteúdos básicos de matemática, mas não precisava fazer análise de dados ou de muito esforço de interpretação do enunciado para resolver. Cobrou de forma direta assuntos como funções, matrizes e sistemas lineares", explicou.

Provas contextualizadas

A contextualização com assuntos atuais e exigentes em química e física foi o destaque do último dia de provas da segunda fase do processo seletivo, segundo os professores.

Para eles, as questões de química e física cobraram conteúdos clássicos dos vestibulares, mas com uma abordagem contextualizada. "Em física, por exemplo, a prova cobrou assuntos fundamentais do ensino médio, sem exigir conhecimento específico ou encontrado em notas de rodapé. Muitas questões abordaram novas tecnologias e a mais difícil foi a que abordou física moderna e eletrostática", disse Daniel Perry, coordenador do Anglo.

Para Marcelo Dias, a prova de química trouxe temas cotidianos, como lixo e meio ambiente. "As questões traziam um contexto para cobrar conceitos do aluno. Esse é um tipo de prova mais moderna e que a Unicamp vem consolidando de forma muito bem feita", disse.

Segundo os professores, química foi ainda mais complexa, de um modo geral, por não abordar em nenhuma das questões os conceitos de química orgânica --tema muito abordado no ensino médio e sempre cobrado nos vestibulares tradicionais.

"O aluno, como sabe que esse é um tema recorrente, costuma estudar bastante. Ao não cobrar, a Unicamp dá um grau de dificuldade maior para quem não tem muita facilidade com a disciplina", disse Saray Azenha.

Em biologia, a prova trouxe questões que abordaram a tragédia de Mariana (MG), doenças e botânica. "Não foram temas ou conteúdos que pegaram o aluno de surpresa, mas exigiam que ele soubesse contextualizar o cotidiano com conceitos", disse o professor Bruno Valle, do curso Objetivo.

*Com informações da Folha de S. Paulo e Estadão Conteúdo