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Enem 2014: professores de Curitiba fazem 'apostas' de temas para a prova

Jorge Olavo

Do UOL, em Curitiba

22/10/2014 06h00

Diante de uma plateia de 4 mil pessoas, composta principalmente por vestibulandos, cerca de 50 atores, músicos, dançarinos e professores resumiram mais de cem anos de história em uma aula-espetáculo de três horas.

A ideia era chamar a atenção dos estudantes para fatos do Brasil e do mundo com grandes chances de serem cobrados neste ano no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e em vestibulares de todo o país.

Os vestibulandos Amanda Schwartz, 17, que tentará uma vaga em direito, e Henrique Clemente, 17, candidato de engenharia mecânica, assistiram ao show e falaram da importância de retomar o conteúdo a essa altura do ano letivo.

“Enfeitar os fatos históricos desse jeito [com danças, encenações, recursos multimídia, música] ajuda a gravarmos melhor o conteúdo. A gente vê e fixa o que aconteceu”, disse Amanda. “Dessa forma relembramos a matéria do ano todo e os fatos em que precisamos focar. A ditadura militar e a mudança provocada por ela estão entre os temas que merecem atenção”, afirmou Clemente.

“Ao longo do ano, as aulas são como capítulos de uma novela. Nessa revisão, juntamos tudo. Capítulos sintetizados e com recursos multimídia que ajudam o aluno a guardar as referências da época e o contexto em que os fatos ocorreram”, conta o professor de história do Brasil Daniel Medeiros, um dos idealizadores e organizadores do História Viva, evento que teve a sua 19ª edição na primeira quinzena de outubro, em Curitiba.

Para o espetáculo de 2014, o destaque foi dado a acontecimentos que completam década neste ano e tiveram influência social, política, econômica e social ao longo da história. Entre os fatos revisados estava o centenário do início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), cujo estopim foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco.

Atores mostraram como era a realidade dos soldados nas trincheiras, que caracterizaram a guerra e onde milhares de combatentes morreram. “Bombas, aviões, gases venenosos, granadas. Tivemos avanços tecnológicos enormes no decorrer do conflito, que também foi para os mares”, disse o professor de história geral Renato Mocellin, outro mentor do espetáculo, promovido pelo Curso Positivo. “Durante a guerra, as mulheres passaram a ocupar postos de trabalho, ganharam força econômica e política”, completou Mocellin.

O espetáculo também lembrou os 70 anos da chegada dos soldados brasileiros à Itália para lutar na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). “Aqui há uma contradição da política interna e externa do Brasil. O alinhamento do Brasil com os Estados Unidos começou em 1942 e Getulio Vargas foi contra outros poderes totalitários”, afirmou Mocellin.

Outro destaque foi aos 20 anos do Plano Real, que trouxe estabilidade financeira para o Brasil depois de várias tentativas para controlar a inflação com os planos Cruzado, Bresser, Verão e Collor. “Hoje temos uma geração que cresceu sem enfrentar as consequências de uma realidade de inflação. Lembrar o Plano Real é necessário para que não se permita que isso volte”, disse o professor Medeiros.