"O governo nunca ressarce os prejuízos..."
Atualizada em 20 de abril de 2010O governo nunca ressarce os prejuízos decorrentes de seus erros.
Essa frase li num artigo sobre determinado governo estadual brasileiro. A intenção do articulista foi dizer que não há indenização, compensação, reparo. O problema é que o verbo ressarcir é verbo defectivo, ou seja, não é conjugado em todos os tempos e pessoas.
Faltam-lhe, no presente do indicativo, as pessoas eu, tu, ele e eles; falta-lhe todo o presente do subjuntivo e todo o imperativo negativo; faltam-lhe, finalmente, no imperativo afirmativo, as pessoas tu, você, nós e vocês. Nos outros tempos, ele é conjugado como qualquer verbo regular terminado em ir.
Antes de continuarmos, temos que identificar os tempos e os modos citados: o presente do indicativo é o tempo que indica a ação cotidiana, do dia a dia, caracterizado pela expressão todos os dias, eu... ; o presente do subjuntivo é o tempo que indica desejo, intenção, caracterizado pela expressão espero que eu... ; o imperativo é o modo que indica ordem, pedido, conselho ou apelo, como em Venha até aqui, menino.
O verbo ressarcir deve, então, ser conjugado da seguinte maneira:
Presente do indicativo: Não há as pessoas eu, tu, ele, eles; nós ressarcimos, vós ressarcis (a sílaba tônica é cis).
Presente do subjuntivo: Não há pessoa alguma.
Imperativo afirmativo: Não há as pessoas tu, você, nós, vocês; ressarci vós (a sílaba tônica é ci).
Imperativo negativo: Não há pessoa alguma.
Pretérito perfeito do indicativo: eu ressarci, tu ressarciste, ele ressarciu, nós ressarcimos, vós ressarcistes, eles ressarciram.
Todos os outros tempos são regulares, como aconteceu com o pretérito perfeito do indicativo. Basta conjugar qualquer verbo terminado em ir e seguir sua conjugação.
A frase apresentada deveria, então, ser estruturada por algum verbo sinônimo de ressarcir, como indenizar, reparar, compensar: O governo nunca compensa os prejuízos decorrentes de seus erros.
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