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"Eles detém o poder, por isso..."

Atualizada em 02/02/2015, às 15h29

Por Dílson Catarino*:

Eles detém o poder, por isso intervém sempre nos negócios da empresa

Se essa coluna acontecesse em uma rádio, nenhum problema haveria, nenhum erro ocorreria, pois somente a pronúncia apareceria. Porém, na escrita, o erro surge flagrantemente: o acento gráfico nas formas verbais. Vamos à explicação:

Como já vimos em uma coluna anterior (Alguns homens públicos não têm escrúpulos!), os verbos ter e vir, na terceira pessoa do plural do presente do indicativo (Todos os dias eles...), são grafados com um "e" só e com acento circunflexo: Eles têm; eles vêm. Hoje veremos o que acontece com os verbos derivados de "ter" e "vir":

Primeiramente, para saber se um verbo é derivado de outro, há de se conhecer a conjugação dele. Por exemplo, o verbo "ter" é conjugado "eu tenho", portanto todos os verbos que forem terminados em "...tenho" são derivados de "ter": eu mantenho, eu detenho, eu retenho, eu contenho, eu entretenho; o verbo "vir" é conjugado "eu venho", portanto todos os verbos terminados em "...venho" são derivados de "vir": eu provenho, eu intervenho, eu convenho.

Muito bem. Todos os verbos derivados de "ter" e "vir", no presente do indicativo, terão um "e" só e acento agudo na terceira pessoa do singular (ele, ela, você), e terão um "e" só e acento circunflexo na terceira pessoa do plural (eles, elas, vocês). Por exemplo: ele mantém, eles mantêm; ele detém, eles detêm; ele retém, eles retêm; ele contém, eles contêm; ele entretém, eles entretêm; ele provém, eles provêm; ele intervém, eles intervêm; ele convém, eles convêm.

Claro está, então que o erro da frase apresentada são os acentos, que deveriam ser circunflexo em ambos os casos:

Eles detêm o poder, por isso intervêm sempre nos negócios da empresa.

*Professor de gramática da língua portuguesa, literatura e redação, desde 1980.