Para treinar: questões sobre os livros obrigatórios da Fuvest e da Unicamp
(Unicamp) Texto para a questão:
"O pequeno sentou-se, acomodou nas pernas a cabeça da cachorra, pôs-se a contar-lhe baixinho uma história.
Tinha um vocabulário quase tão minguado como o do papagaio que morrera no tempo da seca. Valia-se, pois, de exclamações e de gestos, e Baleia respondia com o rabo, com a língua, com movimentos fáceis de entender"
No romance Vidas Secas, a alteridade é construída ficcionalmente. Isso porque o narrador:
(Fuvest) Leia o seguinte trecho de Til, de José de Alencar:
À direita do terreiro, adumbra-se na escuridão um maciço de construções, ao qual às vezes recortam no azul do céu os trêmulos vislumbres das labaredas fustigadas pelo vento.
(...)
È aí o quartel ou quadrado da fazenda, nome que tem um grande pátio cercado de senzalas, às vezes com alpendrada corrida em volta, e um ou dois portões que o fecham como praça de armas.
Em torno da fogueira, já esbarrondada pelo chão, que ela cobriu de brasido e cinzas, dançam os pretos o samba com um frenesi toca o delírio. Não se descreve, nem se imagina esse desesperado saracoteio, no qual todo o corpo estremece, pula, sacode, gira, bamboleia, como se quisesse desgrudar-se.
Tudo salta, até os crioulinhos que esperneiam no cangote das mães, ou se enrolam nas saias das raparigas. Os mais taludos viram cambalhotas e pincham à guisa de sapos em roda do terreiro. Um desses corta jaca no espinhaço do pai, negro fornido, que não sabendo mais como desconjuntar-se, atirou consigo ao chão e começou de rabanar como um peixe em seco.
Ao comentar o romance Til e, inclusive, a cena do capítulo "O Samba" aqui reproduzida, Araripe Jr., parente do autor e estudioso de sua obra, observou que esses são provavelmente os texto em que Alencar "mais se quis aproximar dos padrões" de uma "nova escola", deixando, neles, reconhecível que, " no momento" em que os escreveu, " algum livro novo o impressionara, levando-o pele estímulo superfetar a sua verdadeira índole de poeta". Alguns dos procedimentos estilísticos empregados na cena aqui reproduzida indicam que " a nova escola" e o "livro novo" a que se refere o crítico pertencem ao que os historiadores da literatura chamaram de:
(Fuvest) Considere a seguinte afirmação: "Ambas as obras criticam a sociedade, mas apenas a segunda milita pela subversão da hierarquia social nela representada". Observada a sequência, essa afirmação aplica-se a:
(Unicamp) Leia o seguinte excerto de Memórias Póstumas de Brás Cubas:
Deixa lá dizer Pascal que o homem é um caniço pensante. Não; é uma errata pensante, isso sim. Cada estação da vida é uma edição, que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição definitiva, que o editor dá de graça aos vermes.
Na passagem citada, a substituição da máxima pascalina de que o homem é um caniço pensante pelo enunciado " o homem é uma errata pensante" significa:
(Fuvest) O autor pensava estar romanceando o processo brasileiro de guerra e acomodação entre as raças, em conformidade com as teorias racistas da época, mas, na verdade, conduzido pela lógica da ficção, mostrava um processo primitivo de exploração econômica e formação de classes, que se encaminhava de um modo passavelmente bárbaro e desmentia as ilusões do romancista.
Roberto Schwarz- adaptado
Esse texto crítico refere-se ao livro:
(Fuvest) Texto para a questão:
Ora nesse tempo Jacinto concebera uma ideia... Este príncipe concebera a ideia de que "o homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado". E por homem civilizado o meu camarada entendia aquele que, robustecendo a sua força pensante com todas as noções adquiridas desde Aristóteles, e multiplicando a potência corporal dos seus órgãos com todos os mecanismos inventados desde Terâmenes, criador da roda, se torna um magnífico Adão, quase onipotente, quase onisciente, e apto portanto a recolher (...) todos os gozos e todos os proveitos que resultam do Saber e de Poder...(...) este conceito de Jacinto impressionara os nossos camaradas do cenáculo, que (...) estavam largamente preparados a acreditar que a felicidade dos indivíduos, como a das nações, se realiza pelo ilimitado desenvolvimento da Mecânica e da erudição. Um desses moços (...) reduzira a teoria de Jacinto (...) a uma forma algébrica:
Suma ciência
X = Suma felicidade
Suma potência
E durante dias, do Odeon à Sorbona, foi louvada pela mocidade a Equação Metafísica de Jacinto.
O texto refere-se ao período em que, morando em Paris, Jacinto entusiasmava-se com o progresso técnico e a acumulação de conhecimentos. Considerada do ponto de vista dos valores que se consolidam na parte final do romance, a " forma algébrica" mencionada no texto passaria a ter, como termo conclusivo, não mais "Suma felicidade", mas, sim, Suma:
(Unicamp) Muito me pesa, leitor amigo, se outra coisa esperavas das minhas Viagens, se te falto, sem o querer, a promessa que julgaste ver nesse título, mas que eu não te fiz decerto. Querias talvez que te contasse marco a marco, as léguas das estradas?
Viagens na Minha Terra, Almeida Garrett
No trecho acima, o narrador garrettiano admite que traiu a expectativa do leitor, tal fato deveu-se
(PUC - adaptada) Texto para a questão:
"Quando saltaram em terra começou a Maria a sentir certos enojos, foram os dois morar juntos; e daí a um mês manifestaram-se claramente os efeitos da pisadela e do beliscão; sete meses depois teve a Maria um filho, formidável menino de quase três palmos de comprido, gordo e vermelho, cabeludo, esperneador e chorão; o qual, logo depois que nasceu, mamou duas horas seguidas sem largar o peito. E este nascimento é certamente de tudo o que temos dito o que mais nos interessa, porque o menino de quem falamos é o herói desta história."
O trecho acima integra o romance Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida. Considerando o romance como um todo, indique a alternativa que contém informações que não são pertinentes a essa obra.
Texto para a questão:
Mãos dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
(Carlos Drummond de Andrade)
Analise as afirmações abaixo
I - O tom eufórico e grandiloquente percorre todo o poema, fato que aproxima Carlos Drummond de Andrade do estilo de Castro Alves.
II - Nesse texto, ocorre também a metalinguagem, pois o eu lírico não deixa de fazer considerações sobre o ato de escrever.
III - Descarta-se também a evasão, baseada em elementos místicos, os" serafins".
Está correto apenas o que se afirma em:
Texto para a questão:
Varia a pele, a condição, mas a alma da criança é a mesma -- na princesinha e na mendiga. E para ambas é a boneca o supremo enlevo. Dá a natureza dois momentos divinos à vida da mulher: o momento da boneca -- preparatório, e o momento dos filhos -- definitivo. Depois disso, está extinta a mulher.
Negrinha, coisa humana, percebeu nesse dia da boneca que tinha uma alma. Divina eclosão! Surpresa maravilhosa do mundo que trazia em si e que desabrochava, afinal, como fulgurante flor de luz. Sentiu-se elevada à altura de ente humano. Cessara de ser coisa- e doravante ser-lhe-ia impossível viver a vida de coisa. Se não era coisa! Se sentia! Se vibrava!
Assim foi -- e essa consciência a matou
(Monteiro Lobato)
Nesse fragmento do conto Negrinha, percebe-se uma característica que também ocorre no conto Amor, de Clarice Lispector. Pode-se dizer que nesses contos há:
Em Amor, há interpenetração de elementos do mundo exterior com os elementos do universo interior de Ana. Assinale a alternativa em que esse procedimento ocorre, isto é, em que se nota primeiramente referência a um fato objetivo e posteriormente uma consequência eminentemente subjetiva.
Texto para a questão:
Enquanto quis Fortuna que tivesse
Esperança de algum contentamento,
O gosto de um suave pensamento
Me fez que seus efeitos escrevesse.
Porém, temendo Amor que aviso desse
Minha escritura a algum juízo isento,
Escureceu-me o engenho co tormento,
Para que seus enganos não dissesse.
Ó vós, que Amor obriga a ser sujeitos
A diversas vontades, quando lerdes
Num breve livro casos tão diversos,
Verdades puras são, e não defeitos...
E sabei que, segundo o amor tiverdes,
Tereis o entendimento de meus versos!
Leia as afirmações abaixo sobre o soneto:
I –Em algumas partes do texto, ocorre hipérbato, algo recorrente na linguagem camoniana e no próprio Classicismo.
II- O soneto é também metalinguístico e faz referência ao leitor, esses procedimentos estilísticos não deixam de ser retomados por Machado de Assis.
III- Quando acabou o poder econômico do eu lírico, isto é, a Fortuna, houve uma série de acontecimentos trágicos, inclusive amorosos.
Pode-se dizer que são corretas apenas as afirmações:
Em Lisbela e o prisioneiro, ocorre no final da peça um diálogo que comenta os fatos recentemente ocorridos na cidade de Vitória de Santo Antão. Nesse diálogo, esses acontecimentos inusitados são comparados intertextualmente a cenas:
Quando se compara o romance de Mia Couto, Terra Sonâmbula, com o conto "A hora e vez de Augusto Matraga", pode-se dizer que em ambos os textos