Semana 25 Português

Fuvest 2007

Já a tarde caía quando recolhemos muito lentamente. E toda essa adorável paz do céu, realmente celestial, e dos campos, onde cada folhinha conservava uma quietação contemplativa, na luz docemente desmaiada, pousando sobre as coisas com um liso e leve afago, penetrava tão profundamente Jacinto, que eu o senti, no silêncio em que caíramos, suspirar de puro alívio.
Depois, muito gravemente:
– Tu dizes que na Natureza não há pensamento...
– Outra vez! Olha que maçada! Eu...
– Mas é por estar nela suprimido o pensamento que lhe está poupado o sofrimento! Nós, desgraçados, não podemos suprimir o pensamento, mas certamente o podemos disciplinar e impedir que ele se estonteie e se esfalfe, como na fornalha das cidades, ideando gozos que nunca se realizam, aspirando a certezas que nunca se atingem!... E é o que aconselham estas colinas e estas árvores à nossa alma, que vela e se agita que viva na paz de um sonho vago e nada apeteça, nada tema, contra nada se insurja, e deixe o mundo rolar, não esperando dele senão um rumor de harmonia, que a embale e lhe favoreça o dormir dentro da mão de Deus. Hem, não te parece, Zé Fernandes?
– Talvez. Mas é necessário então viver num mosteiro, com o temperamento de S. Bruno, ou ter cento e quarenta contos de renda e o desplante de certos Jacintos...

(Eça de Queirós, A Cidade e as Serras)

Considerado no contexto de A Cidade e as Serras, o diálogo presente no excerto revela que, nesse romance de Eça de Queirós, o elogio da natureza e da vida rural

Unicamp
Em Ubirajara, tal como em Iracema e em O Guarani, José de Alencar propõe uma interpretação de Brasil em que o índio exerce um papel central.

a) Que sentido têm as sucessivas mudanças de nome do protagonista no romance?
b) Qual o papel das notas explicativas nesse romance? Do que elas tratam em sua maior parte?
c) Como o romance e suas notas tratam o ritual antropofágico, no empenho de construir uma visão do período pré-cabralino?

Resposta:

a) Esperava-se do candidato que notasse a possibilidade de reconstituição da estrutura do enredo de Ubirajara a partir das seguidas renomeações a que a personagem central é submetida. O protagonistarecebe os nomes de Jaguarê, Ubirajara e Jurandir. A primeira mudança de nome correspondendo à passagemda personagem de jovem caçador (Jaguarê, o que submete o Jaguar) a guerreiro araguaia adulto(Ubirajara, o senhor da lança). O nome Jurandir é assumido temporariamente em respeito ao rito dehospitalidade tocantim, tribo que Ubirajara visita incógnito, em busca da amada Araci. Ao revelar suaidentidade aos tocantins, o herói volta a ser chamado Ubirajara.

b) Quanto ao conteúdo, as notas trazem observações etnológicas, comentários lingüísticos e polêmicas históricas conduzidas pelo autor. O tratamento de temas tão centrais ao indianismo de Alencar equipara, em importância, as notas ao próprio enredo, no empenho da reconstrução da imagem do bom selvagem pré-cabralino. A incorporação formal das notas tem a ver com o projeto do autor e com a estrutura do livro. Elas não são mero apêndice, mas parte essencial à compreensão do romance; esta valorização das notas é uma das particularidades formais de Ubirajara.

c) Em Ubirajara, a obra de vários cronistas e historiadores é objeto de leitura crítica e disputa polêmica no que diz respeito ao lugar simbólico dos índios no processo de construção de uma identidade nacional. Alencar faz um uso interessado destas fontes, desfazendo mitos (o da amoralidade e selvageria autóctones), para levantar outros (o do índio de comportamento cavaleiresco, talhado nos moldes do bom selvagem de Rousseau). No caso da antropofagia, o candidato deveria realçar o empenho do autor em compreendê-la e legitimá-la no contexto de uma cultura diversa.

ITA

Em 1891, Machado de Assis publicou o romance Quincas Borba, no qual um dos temas centrais do Realismo, o triângulo amoroso (formado, a princípio, pelos personagens Palha-Sofia-Rubião), cede lugar a uma equação dramática mais complexa e com diversos desdobramentos. Isso se explica porque:

Fuvest-SP

"Já vai andando a récua dos homens de Arganil, acompanham-nos até fora da via as infelizes, que vão clamando, qual em cabelo, Ó doce e amado esposo, e outra protestando, Ó filho, a quem eu tinha só para refrigério e doce amparo desta cansada já velhice minha, não se acabavam as lamentações, tanto que os montes de mais perto respondiam, quase movidos de alta piedade (…)"
(José Saramago, Memorial do Convento)

Em muitas passagens do trecho transcrito, o narrador cita textualmente palavras de um episódio de Os Lusíadas, visando criticar o mesmo aspecto da vida de Portugal que Camões, nesse episódio, já criticava. O episódio camoniano e o aspecto criticado são, respectivamente:

ITA 2008
Assinale a opção em que a frase apresenta figura de linguagem semelhante a da fala de Helga no primeiro quadrinho.

Fuvest 2008
O autoclismo da retrete
RIO DE JANEIRO - Em 1973, fui trabalhar numa revista brasileira editada em Lisboa. Logo no primeiro dia, tive uma amostra das deliciosas diferenças que nos separavam, a nós e aos portugueses, em matéria de língua. Houve um problema no banheiro da redação e eu disse à secretária: "Isabel, por favor, chame o bombeiro para consertar a descarga da privada." Isabel franziu a testa e só entendeu as quatro primeiras palavras. Pelo visto, eu estava lhe pedindo que chamasse a Banda do Corpo de Bombeiros para dar um concerto particular de marchas e dobrados na redação. Por sorte, um colega brasileiro, em Lisboa havia algum tempo e já escolado nos meandros da língua, traduziu o recado: "Isabel, chame o canalizador para reparar o autoclismo da retrete." E só então o belo rosto de Isabel se iluminou.
Ruy Castro, Folha de S. Paulo.

a) Em São Paulo, entende-se por "encanador" o que no Rio de Janeiro se entende por "bombeiro" e, em Lisboa, por "canalizador". Isto permitiria afirmar que, em algum desses lugares, ocorre um uso equivocado da língua portuguesa? Justifique sua resposta.
b) Uma reforma que viesse a uniformizar a ortografia da língua portuguesa em todos os países que a utilizam evitaria o problema de comunicação ocorrido entre o jornalista e a secretária. Você concorda com essa afirmação? Justifique.

Resposta:

a) Não se trata de equívoco, mas de variações ou diferenças entre os dialetos do português falados em Portugal e nas cidades brasileiras mencionadas. No caso, as diferenças são lexicais, ou seja, dizem respeito ao vocabulário empregado e às variações regionais no sentido das palavras.

b) Não, pois a uniformização ortográfica não afeta as diferenças lexicais, que dizem respeito ao emprego do vocabulário e ao sentido das palavras.

Enem 2009
Quanto às variantes linguísticas presentes no texto, a norma padrão da língua portuguesa é rigorosamente obedecida por meio

Enem 2008
Assinale o trecho do diálogo que apresenta um registro informal, ou coloquial, da linguagem.

Enem 2010
Texto I
O chamado "fumante passivo" é aquele indivíduo que não fuma, mas acaba respirando a fumaça dos cigarros fumados ao seu redor. Até hoje, discutem-se muito os efeitos do fumo passivo, mas uma coisa é certa: quem não fuma não é obrigado a respirar a fumaça dos outros. O fumo passivo é um problema de saúde pública em todos os países do mundo. Na Europa, estima-se que 79% das pessoas estão expostas à fumaça "de segunda mão", enquanto, nos Estados Unidos, 88% dos não fumantes acabam fumando passivamente. A Sociedade do Câncer da Nova Zelândia informa que o fumo passivo é a terceira entre as principais causas de morte no país, depois do fumo ativo e do uso de álcool.
Disponível em: www.terra.com.br. Acesso em: 27 abr. 2010 (fragmento).

Texto II


Ao abordar a questão do tabagismo, os textos I e II procuram demonstrar que

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