Semana 2 Português

Unicamp

Considerando a peça Auto da Barca do Inferno como um todo, indique a alternativa que melhor se adapta à proposta do teatro vicentino.

Unicamp

Leia o diálogo abaixo, de Auto da Barca do Inferno:

DIABO
Cavaleiros, vós passais
e não perguntais onde ir? 

CAVALEIRO
Vós, Satanás, presumis?
Atentai com quem falais!

OUTRO CAVALEIRO
Vós que nos demandais?
Siquer conhecê-nos bem.
Morremos nas partes d’além,
e não queirais saber mais.

(Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno, em Antologia do Teatro de Gil Vicente. Org. Cleonice Berardinelli, Rio de Janeiro: Nova Fronteira/ Brasília: INL, 1984, p.89.)

A) Por que o cavaleiro chama a atenção do Diabo?

B) Onde e como morreram os dois Cavaleiros?

C) Por que os dois passam pelo Diabo sem se dirigir a ele?

Resposta:

a) Porque a fala do Diabo revela seu desrespeito para com um Cavaleiro de Cristo, que morre para defender e propagar a fé cristã. Quem defende a causa cristã não vai à Barca do Inferno.

b) Os dois Cavaleiros morreram nas "partes d’além", em um combate contra os mouros na defesa da Igreja.

c) Porque estão conscientes da salvação e de que vão à Barca da Glória.


Fuvest

Diabo, Companheiro do Diabo, Anjo, Fidalgo, Onzeneiro, Parvo, Sapateiro, Frade, Florença, Brígida Vaz, Judeu, Corregedor, Procurador, Enforcado e Quatro Cavaleiros são personagens do Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente.

Analise as informações abaixo e selecione a alternativa incorreta cujas características não descrevam adequadamente a personagem.

Fuvest - 1997

Indique a afirmação correta sobre o Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente:

Unicamp - 2009

Na seguinte cena do Auto da Barca do Inferno, o Corregedor e o Procurador dirigem-se à Barca da Glória, depois de se recusarem a entrar na Barca do Inferno:

CorregedorÓ arrais dos gloriosos,

passai-nos neste batel!

 

AnjoÓ pragas pera papel,

pera as almas odiosos!

 Como vindes preciosos,

sendo filhos da ciência!

 

CorregedorÓ! habeatis clemência

e passai-nos como vossos!

 

Joane (Parvo)Hou, homens dos breviairos,

rapinastis coelhorum

et perniz perdiguitorum

e mijais nos campanairos!

 

CorregedorÓ! Não nos sejais contrairos,

Pois nom temos outra ponte!

 

Joane (Parvo) Beleguinis ubi sunt?

Ego latinus macairos.

 

 

pera:  para

 

 

 

habeatis: tende

 

 

homens dos breviairos: homens de leis

Rapinastis coelhorum?Et perniz perdiguitorum:Recebem coelhos e pernas de perdiz como suborno

 

 

Beleguinis ubi sunt?: Onde estão os oficiais de justiça?

 

Ego latinus macairos:Eu falo latim macarrônico

 

(Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno, São Paulo: Ateliê Editorial, 1996, p.107-109.)

a) De que pecado o Parvo acusa o homem de leis (Corregedor)? Este é o único pecado de que ele é acusado na peça?

b) Com que propósito o latim é empregado pelo Corregedor? E pelo Parvo?

Resposta:

a) Joane, o Parvo, acusa o Corregedor de se deixar subornar com as ofertas de coelhos e pernas de perdiz, sendo, desse modo, segundo o Diabo, um "santo descorregedor", sentenciando com pouca honestidade, ("quia Judicastis malitia"). Além disso, há referência ao desrespeito do Corregedor aos mortos, uma vez que urinara nas campas.

Outro delito do qual o Magistrado é acusado pelo Diabo é o de ter explorado os trabalhadores inocentes ("ignorantes do pecado"): " A largo modo "adquiristis/sanguinis laboratorum, / ignorantes peccatorum".

b) O Corregedor emprega o latim de uso jurídico, que caracteriza o homem de leis, tipificando a personagem. O Parvo, por sua vez, vale-se do latim de maneira humorística e, consciente dos seus erros, declara falar latim "macarrônico", isto é, mistura de latim e português. Para o Corregedor, o latim é instrumento de autoridade; para o Parvo, ao contrário, é um instrumento de contestação da autoridade e de zombaria da pompa de que se reveste o discurso autoritário.

Em "O girassol da vida e o passatempo do tempo que passa não brincam nos lagos da lua", há, respectivamente: 

Assinale a alternativa em que uma das palavras não é formada por prefixação:

Os versos seguintes fazem parte do poema "Um chamado João" de Carlos Drummond de Andrade em homenagem póstuma a João Guimarães Rosa. Trabalhe a questão que segue a partir da leitura do poema.

                        Um chamado João

João era fabulista?                                                        Mágico sem apetrechos,

fabuloso?                                                                       civilmente mágico, apelador

fábula?                                                                           de precípites prodígios acudindo

Sertão místico disparando                                             a chamado geral?

no exílio da linguagem comum?

 

Projetava na gravatinha                                                (...)

a quinta face das coisas

inenarrável narrada?

Um estranho chamado João                                        Ficamos sem saber o que era João

para disfarçar, para farçar                                            e se João existiu

o que não ousamos compreen                                    deve pegar.

(...)

(Carlos Drummond de Andrade, em Correio da Manhã, 22-11-1967, publicado em Rosa, J.G. Sagarana, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.)

Na segunda estrofe, há dois processos muito interessantes de associação de palavras. Em "inenarrável?narrada" encontramos claramente um processo de derivação. Em "disfarçar - farçar", temos a sugestão de um processo semelhante, embora "farçar" não conste dos dicionários modernos.

a) Relacione o significado de "inenarrável" com o processo de sua formação; e o de "farçar", na relação sugerida no poema, com "disfarçar".

b) Explique como esses processos contribuem na construção dos sentidos dessa estrofe.

Resposta:

a) O processo usado por Drummond foi o de prefixação. O prefixo "in" tem o sentido de negação, portanto inenarrável é o que não se pode narrar. Fazendo-se uma comparação, já que disfarçar é esconder, então "farçar" seria mostrar, apontar, revelar.

b) Tais recursos contribuem para o  entendimento da estrofe, pois são características do próprio João Guimarães que, às vezes, pelo uso de um vocabulário inusitado não dá aos leitores segurança para a compreensão. Daí os versos de Drummond nos apontam um João que, mesmo quando disfarçava, revelava as realidades as quais "não ousamos compreender".

Os versos seguintes fazem parte do poema "Um chamado João" de Carlos Drummond de Andrade em homenagem póstuma a João Guimarães Rosa. Trabalhe a questão que segue a partir da leitura do poema.

                        Um chamado João

João era fabulista?                                                         Mágico sem apetrechos,

fabuloso?                                                                        civilmente mágico, apelador

fábula?                                                                            de precípites prodígios acudindo

Sertão místico disparando                                               a chamado geral?

no exílio da linguagem comum?

 

Projetava na gravatinha                                                (...)

a quinta face das coisas

inenarrável narrada?

Um estranho chamado João                                         Ficamos sem saber o que era João

para disfarçar, para farçar                                             e se João existiu

o que não ousamos compreender?                              deve pegar.

(...)

(Carlos Drummond de Andrade, em Correio da Manhã, 22-11-1967, publicado em Rosa, J.G. Sagarana, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.)

a) No título, "chamado" sintetiza dois sentidos com que a palavra aparece no poema. Explique esses dois sentidos, indicando como estão presentes nas passagens em que "chamado" se encontra.

b) Na primeira estrofe do poema, "fábula" é derivada em "fabulista" e "fabuloso". Mostre de que modo a formação morfológica e a função sintática das três palavras contribuem para a formação da imagem de Guimarães Rosa.

Resposta:

a) Em "um estranho chamado João", a palavra "chamado" significa indicar um nome, no caso, o nome de João a quem se refere o poema. Em "a chamado geral?" o termo tem o sentido de invocação. Como se muitos leitores convocassem João a escrever como escrevia. Percebe-se isso nos versos anteriores até a expressão "acudindo".

b)  As expressões "fabulista", "fabuloso" e "fábula" são, no poema, características atribuídas a João Guimarães Rosa. Elas atuam como adjetivos, sendo a última uma derivação imprópria, já que originalmente "fábula" é um  substantivo. As três palavras exercem a função sintática de predicativos do sujeito.

Considerando que Rosa é um escritor que trabalha a palavra aplicando os processos de formação e que seu desempenho lingüístico é um traço marcante e constantemente destacado, Drummond quis, possivelmente, usar os recursos de João para falar de João. Assim, o poeta nos diz que João é um grande ("fabuloso") contador ("fabulista") de histórias ("fábulas").

Assinale a alternativa em que a flexão dos compostos esteja de acordo com a norma culta:

UOL Cursos Online

Todos os cursos