Semana 1 História do Brasil

UFMG

"A língua de que [os índios] usam, toda pela costa, é uma: ainda que em certos vocábulos difere em algumas partes; mas não de maneira que se deixem de entender. (...) Carece de três letras, convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não tem Fé, nem Lei, nem Rei, e desta maneira vivem desordenadamente (...)"

(GANDAVO, Pero de Magalhães, História da Província de Santa Cruz, 1578.)

A partir do texto, pode-se afirmar que todas as alternativas expressam a relação dos portugueses com a cultura indígena, exceto:

Fuvest

Os primitivos habitantes do Brasil foram vítimas do processo colonizador. O europeu, com visão de mundo calcada em preconceitos, menosprezou o indígena e sua cultura. A acreditar nos viajantes e missionários, a partir de meados do século XVI, há um decréscimo da população indígena, que se agrava nos séculos seguintes. Os fatores que mais contribuíram para o citado decréscimo foram:

Fuvest - 2009 - 2a fase

E [os índios] são tão cruéis e bestiais que assim matam aos que nunca lhes fizeram mal, clérigos, frades, mulheres... Esses gentios a nenhuma coisa adoram, nem conhecem a Deus.
Padre Manuel da Nóbrega, em carta de 1556. 


(...) Não vejo nada de bárbaro ou selvagem no que dizem daqueles povos; e na verdade, cada qual considera bárbaro o que não se pratica em sua terra. 
(...) Esses povos não me parecem, pois, merecer o qualitativo de selvagens somente por não terem sido se não muito pouco modificados pela ingerência do espírito humano e não haverem quase nada perdido de sua simplicidade. 
Michel de Montaigne. Ensaios, 1588. 


a) Compare as concepções dos dois autores sobre as populações nativas do Brasil. 
b) Indique a concepção que prevaleceu e quais as conseqüências para a população indígena. 

 

Resposta:

a) O Pe. Manoel da Nóbrega considera os índios como "cruéis e bestiais". Cruéis porque matam colonos, que, segundo o autor, nenhum mal lhes fizeram (fora escravizá-los, dizimá-los e tomar suas terras). Bestiais porque não adoram o Deus do colonizador. Esta, por sinal, não reconhece a religião dos indígenas — opinião que se reflete na afirmação do padre de que eles "a nenhuma coisa adoram". Já Montaigne tem uma opinião bem diferente — e rasíssima na época — pois afirma que cada um considerava o "outro" como selvagem.

b) Prevaleceu a concepção expressa por Nóbrega. O resultado final foi a dizimação foi a dizimação física dos indígenas — pelos massacres, pela escravização e pelas doenças — ou a destruição cultural, pela imposição de valores, da religião e dos costumes do colonizador.

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